A Umbanda precisa ser explicada porque, por ser uma religião nova e ainda em formação, é mal explicada e mal compreendida pelos nossos irmãos das outras religiões.
Sabemos que parte desta nossa dificuldade reside no fato de existir várias correntes de pensamento doutrinário e heranças religiosas herdadas pela Umbanda e adaptadas à nossa cultura tipicamente cristã, cujos valores religiosos estão arraigados no inconsciente religioso coletivo dos brasileiros.
Mas neste mesmo inconsciente religioso coletivo estão presentes os valores religiosos do povo nativo que aqui já vivia há milhares de anos, assim como estão presentes valores religiosos antiquíssimos dos povos africanos que para cá foram trazidos desde o início do século XVII .
Os valores religiosos dessas duas culturas multimilenares e mais antigas no próprio cristianismo são vistos por muitos como folclore ou manifestações tardias de paganismo. Mas a verdade é outra, pois essas duas culturas religiosas foram perseguidas e sufocadas até recentemente pela cultura religiosa Católica Apostólica Romana e, agora mesmo, a Umbanda sofre uma perseguição implacável de algumas seitas evangélicas que, não satisfeitas em pregar suas doutrinas, se acham no direito de vilipendiar os nossos ritos e ícones religiosos e nossas práticas espirituais, tachando-as de manifestações demoníacas e pagãs, num desrespeito incomum para com milhões de pessoas que têm na Umbanda a sua religião, porque encontraram nela as condições e os valores religiosos com os quais se identificam naturalmente, sem imposições e sem precondições para que isso acontecesse.
Ressalto mais uma vez que, se a Umbanda é uma religião nova, seus valores religiosos fundamentais são ancestrais e foram herdados de culturas religiosas anteriores ao cristianismo.
Então, com isso explicado e entendido, e exigindo respeito pela Umbanda e por seus ritos e práticas espirituais, é possível abordá-la e explicá-la aos irmãos com outras formações religiosas.
Em nossa exposição sobre a Umbanda, salientamos que ela tem na sua base de formação os cultos aíro, os cultos nativos, a doutrina espírita kardecista, a religião católica e um pouco da religião oriental (budismo e hinduísmo) e também da magia, pois é uma religião magística por excelência, fato este que a distingue e a honra, porque dentro dos seus templos a magia negativa é combatida e anulada pelos espíritos que neles se manifestam incorporando nos seus médiuns.
Dos elementos formadores das bases da Umbanda surgiram as suas correntes religiosas às quais interpretamos assim:
1ª Corrente
Formada pelos espíritos nativos que aqui viviam antes da chegada dos estrangeiros conquistadores.
Esses espíritos já conheciam o fenômeno da mediunidade de incorporação, pois o xamanismo multimilenar já era praticado pelos seus pajés e em suas cerimônias. A possessão espiritual acontecia naturalmente, e eles também acreditam na continuidade da vida após o desencarne. Eles já acreditavam na imortalidade do espírito e na existência do mundo sobrenatural, assim como na capacidade dos “mortos” interferirem na vida dos encarnados.
Se eles não tinham esta crença tão elaborada como o espiritismo tem sobre o espírito, os índios nativos já acreditavam neles há milênios, e também acreditavam na existência de divindades, todas elas associadas a aspectos da natureza e da criação divina.
Eles acreditavam nas divindades e, ainda que não da forma mais bem elaborada dos cultos afros puros ou do cristianismo, que crê em Deus e na existência dos seus anjos, arcanjos, serafins, querubins, potestades etc. No entanto tinham um panteão ao qual temiam, respeitavam e recorriam sempre que se sentiam ameaçados pela natureza, pelos inimigos ou pelo mundo sobrenatural.
Também acreditavam na existência de espíritos malignos e de demônios infernais sem a elaboração da religião cristã que aqui se estabelecera.
2ª Corrente:
Os cultos de nação africanos, sem contato anterior com os nativos brasileiros, tinham estas mesmas crenças, só que em alguns deles elas eram mais elaboradas e muito bem definidas. Inclusive, seus sacerdotes tinham uma gama de rituais e magias para equilibrar as influências do mundo sobrenatural sobre o mundo terreno e recorriam a elas para devolver o equilíbrio às pessoas.
Os africanos trazidos para o Brasil acreditavam na imortalidade dos espíritos e no poder deles sobre os encarnados, chegando mesmo a criarem um culto voltado para eles (vide o culto de egungun dos povos nigerianos).
Também cultuavam os seus ancestrais através de ritos elaboradíssimos e que perduram até hoje, pois são um dos pilares de suas crenças religiosas.
Saibam que o culto, o respeito e a reverência aos ancestrais são muito anteriores ao advento do cristianismo e, se os estudarmos com profundidade, os encontraremos em todas as antigas religiões, mesmo nas que já desapareceram, tais como: religião grega com seus heróis divinizados; religião romana com seus espíritos lares; religião egípcia com a conservação dos corpos dos seus mortos; religião primitiva chinesa com o culto e alimentação dos espíritos pelos seus descendentes encarnados etc.
Os cultos africanos puros eram bem definidos, e as suas transmissões orais elaboradas na forma de lendas, transmitidas oralmente de pai para filho, preservavam um conhecimento muito antigo em que, em muitas lendas, são relatadas a criação do mundo, a criação dos homens e até fazem menção a eventos análogos ao dilúvio bíblico. Basta estudá-las com isenção, sem rancor e sem preconceito.
Este fato nos faz refletir sobre eventos que afetaram todo o planeta e que foram preservados por meio de transmissões orais de geração para geração, sendo que cada povo os preservou segundo a sua visão e sua forma de relatá-los.
Também devemos salientar que a Umbanda herdou dos cultos de nação afro o seu vasto panteão divino e tem no culto às divindades de Deus um dos fundamentos religiosos. Só que não interpreta este panteão como formado por anjos, mas sim por Orixás, os senhores do alto ou do ori (da cabeça) dos seus filhos. E desenvolveu rituais próprios de religamento do encamado com sua divindade regente, pois crê na existência dos protetores divinos, tal como os cristãos creem na existência de um anjo da guarda para cada pessoa.
Devemos salientar que o fenômeno da incorporação espiritual é conhecido e praticado desde eras remotas em solo africano por todos os povos e culturas que para cá vieram, e até já tinham rituais elaboradíssimos de religação do encamado com seu regente ancestral divino (com seu Orixá).
Num tempo em que a “incorporação” cristã (a manifestação do espírito santo) ou posteriormente a codificação espírita da mediunidade por Kardec ainda não existiam, os nossos ancestrais africanos já incorporavam e curavam pessoas num processo mediúnico muito bem elaborado.
O panteão divino dos cultos afro era pontificado por um Ser Supremo e povoado por divindades que eram os executores Dele junto aos seres humanos, assim como eram Seus auxiliares divinos que o ajudaram na concretização do mundo material, demonstrando-nos que, de forma simples, tinham uma noção exata, ainda que limitada por fatores culturais, de como se mostra Deus e Seu universo divino.
3ª Corrente
Formada pelos que estudaram os livros doutrinários kardecistas, mas, quando iam incorporar seus guias espirituais, neles se manifestavam espíritos de índios, de ex-escravos negros, de orientais etc.
Então criaram uma corrente denominada de Umbanda Branca”, bem aos moldes espíritas, mas na qual aceitam a manifestação de “caboclos” (os índios), de Pretos-Velhos (os negros), de crianças (os seres encantados da natureza).
Esta corrente pode ser descrita como um meio-termo entre o espiritismo e os cultos nativos e afro, pois se fundamenta na doutrina cristã, mas cultua valores religiosos herdados tanto dos primeiros quanto dos segundos.
— Ela não abre seus cultos com cantos e atabaques, mas sim com orações a Jesus Cristo.
— Quanto às suas sessões, elas são mais próximas das kardecistas que das umbandistas genuínas, em que os cantos, as palmas e os atabaques são indispensáveis.
Seus membros são um tanto reservados ao se identificar, pois se dizem “Espíritas de Umbanda”.
4ª Corrente
A magia!
A magia é comum a toda a humanidade e as pessoas recorrem a ela sempre que se sentem ameaçadas por fatores desconhecidos ou pelo mundo sobrenatural, principalmente pelas atuações de espíritos malignos e por processos de magia negra.
Dentro da Umbanda o uso da magia branca ou magia positiva se disseminou de forma tão abrangente que se tomou parte da própria religião, sendo impossível separar os trabalhos religiosos espirituais puros dos trabalhos espirituais mágicos.
A linha divisora desses dois aspectos do universo divino foi ultrapassada e hoje os guias espirituais atuam em seus médiuns tanto magística quanto religiosamente, demonstrando-nos que religião e magia são inseparáveis, pois são as duas vertentes de uma mesma coisa: o universo divino.
É certo que muitas pessoas desconhecem a magia pura e recorrem á magia classificada como magia religiosa. Mas esta nada mais é que a fusão da religião com a magia.
Irmãos em Oxalá, aí têm, resumidamente, as correntes religiosas e doutrinárias que formam as bases da Umbanda. E isso sem falarmos do sincretismo religioso que aconteceu por aqui e no qual a religião católica nos forneceu as suas imagens para que, colocadas em nossos altares, o processo de transição de católicos para a Umbanda se processasse sob a vista e guarda de Jesus e dos santos católicos, procedimento este de uma sabedoria incomum, pois o novo adepto, vendo imagens de valores religiosos já seus conhecidos, sente-se num ambiente religioso acolhedor e compreensivo para com sua religiosidade anterior, mas que não estava satisfazendo suas necessidades espirituais mais íntimas.
Para concluir nosso comentário sobre a Umbanda, dizemos:
— É uma religião sem qualquer tipo de preconceito para com todas as outras religiões.
— É uma religião monoteísta, pois está fundamentada na crença da existência de um único Deus e de um Deus único, ainda que também tenha todo um panteão divino muito bem definido nas divindades Orixás, às quais reverenciamos, evocamos e oferendamos regularmente, pois cremos que cada um deles é uma divindade unigênita ou a única gerada por Deus no campo e sentido de nossa vida onde cada uma delas atua.
— Cremos que, por serem mistérios divinos descritos e interpretados de forma humana, devem ser reverenciados, evocados, cultuados e oferendados respeitosamente, pois se não temos as datas exatas de quando se iniciou o culto a eles, no entanto, tal como o amado mestre Jesus Cristo, nunca deixaram, deixam ou deixarão de atender aos clamores sinceros e justos e sempre nos guiarão suas luzes divinas e valores religiosos supra-humanos que, se foram humanizados por nós, é para podermos cultuá-los de forma humana.
— Cremos na manifestação dos espíritos e cremos na existência de um universo divino e de outro espiritual, ambos povoados por seres divinos humanizados e por seres humanos divinizados.
— Temos nossos próprios fundamentos divinos, religiosos, espirituais e magísticos, os quais herdamos de religiões antiquíssimas e adaptamos ao nosso tempo, cultura e grau evolutivo
espiritual atual.
Assim, se a Umbanda é uma religião nova, porque tem só um século de existência, e ainda está em fase experimental, num processo coordenado pelos seus mentores divinos, mentores estes que denominamos de Orixás, os espíritos mensageiros nos informam que sua estrutura religiosa espiritual já está pronta e só nos falta estruturá-la aqui no plano material para dar-lhe uma feição definitiva, quando seus valores religiosos e seus fundamentos divinos serão definitivos e deixarão de mudar ao sabor das suas correntes mais expressivas.
Mas estes mesmos espíritos mensageiros nos alertam que esta estruturação material deve ser feita de forma lenta e muito bem pensada, senão demoraremos o mesmo tempo que o cristianismo precisou para se estruturar e se definir sobre seus fundamentos religiosos e divinos.
Mas nós temos certeza, e temos trabalhado para isto, de que no futuro a Umbanda terá uma feição religiosa muito bem definida, pois suas correntes formadoras se unificarão e se uniformizarão.
Então, neste tempo, os que hoje nos olham com olhos preconceituosos já estarão vivendo no universo espiritual e se aproximarão dela porque nela terão um canal divino pelo qual poderão orientar seus sucessores no plano material, tal como fazem hoje os espíritos guias de Umbanda Sagrada!
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