Saibam que as linhas de trabalho não surgiram por acaso, e um guia espiritual é manifestador de um mistério religioso.
Por mistério religioso entendam o mistério que um espírito manifesta dentro do espaço religioso dos templos de Umbanda Sagrada, pois se um espírito se apresentar como um caboclo de Ogum, é porque ele foi aceito pela Lei Maior, foi incorporado a uma das hierarquias do Orixá Ogum, desenvolveu em si uma das qualidades desse Orixá da lei, e atua regido pelo fator ordenador da criação divina.
Logo, é um guia autoritário, rigoroso, de pouca conversa, mas de muita ação, e às vezes intempestivo, pois Ogum é o próprio ar, que movimenta tudo à sua volta. Então um Caboclo de Ogum não é um espírito comum.
Não mesmo, pois sua natureza é regida pelo Orixá “Ogum”, que é a qualidade ordenadora da criação divina. E se ele é um “Caboclo” de Ogum, um espírito incorporado à hierarquia do Orixá da Lei, é porque ele foi gerado por Deus em sua qualidade ordenadora, foi imantado por Ogum com seu fator ordenador e evoluiu, sempre regido pela sua ancestral idade, localizada no divino Trono de Deus que aplica a Lei Maior na vida dos seres.
Agora, um Caboclo de Ogum tem no seu nome simbólico tanto sua qualidade ordenadora (Ogum), quanto a sua qualificação ou campo de atuação.
Então temos os Caboclos Sete Espadas, Sete Lanças, Sete
Escudos, Sete Coroas, etc., todos atuando como guias de Umbanda.
Nós não temos como listar o nome de todas as linhas de trabalho
da Umbanda, por isso as resumimos em linhas dos Orixás, tais como:
— Linhas dos Caboclos de Oxalá
— Linhas dos Caboclos de Oxóssi
— Linhas dos Caboclos de Xangô
— Linhas dos Caboclos de Ogum
— Linhas das Caboclas de Oxum
— Linhas das Caboclas de lemanjá
— Linhas das Caboclas de lansã, etc.
E o mesmo se repete com as linhas de trabalho formadas por Exus e Pomba giras, onde temos:
— Linha dos Exus dos Caminhos — Ogum
— Linha dos Exus do Cemitér io — Omolu
— Linha dos Exus das Passagens — Obaluaiê
— Linha dos Exus das Montanhas — Xangô
— Linha dos Exus das Matas — Oxóssi
— Linha dos Exus das Encruzilhadas — Oxalá
— Linha dos Exus Cobra — Oxumaré
— Linha das Pombagiras das Águas — Oxum
— Linha das Pombagiras da Praia ou do Mar — lemanjá
— Linha das Pombagiras do Lodo — Nanã, etc.
Com esses nomes simbólicos, as linhas de trabalhos vão mostrando qual o Orixá as rege, a qual sentido da vida os Exus servem, e quais são os aspectos negativos com que eles lidam.
Sim, se tomarmos como exemplo a linha dos Exus do Cemitério, até dentro dela veremos os desdobramentos ou qualificações dos Exus que formam correntes espirituais ou sublinhas, pois um Exu do Cemitério lida com os aspectos negativos do Orixá Omolu e os aplica em outros sentidos da vida, regidos por outros Orixás. Vamos aos exemplos:
— Exu Tranca-Ruas das Almas:
Exu = entidade que lida com os aspectos negativos dos Orixás; com a parte negativa dos fatores divinos; com espíritos desequilibrados; com o emocional dos seres.
Tranca = fecha, retém, aprisiona, prende ou paralisa.
Ruas = caminhos, trilhas, sentidos, direção ou evolução.
Logo, Exu Tranca-Ruas das Almas é um ser que é regido por Omolu, pois o cemitério é a prisão natural de todo espírito que atentou contra um dos sete sentidos da vida. Mas também é regido por Obaluaiê, pois se ele tranca a evolução das “almas”, está servindo ao Orixá que rege a evolução dos seres. Mas como ele tranca a rua (os caminhos), então também é regido por Ogum, que é o Orixá que rege as evoluções retas, os caminhos a ser trilhados de forma ordenada.
Mas se ele tranca, então também serve a Xangô, pois este rege a justiça divina, que é que diz quando alguém atentou contra os princípios divinos.
Com isso, ele serve a vários sentidos da vida e a vários Orixás, que o ativam sempre que for preciso. Mas se interpretarmos ao pé da letra seu nome simbólico, então ele é um Exu de Ogum atuando sob a irradiação de Omolu e de Obaluaiê, pois só a Lei Maior tranca ou prende um espírito degenerado. E se ele tranca as ruas, tranca as vias evolutivas ou a evolução dos seres, que é atribuição do Orixá Obaluaiê, regente da linha da evolução. Só que ele tranca a rua das “almas”, e não da justiça ou do conhecimento.
Logo, lugar de almas é no cemitério, que é o campo de Omolu, Orixá regente do polo negativo da linha da evolução, a sétima linha ou irradiação da Umbanda.
Portanto, Tranca-Ruas das Almas é um Exu de Ogum atuando sob a irradiação de Obaluaiê e de Omolu.
Se interpretarmos um nome simbólico muito parecido — Exu Tranca-Ruas Gira das Almas, aí teremos um Exu de lansã. Orixá da lei que atua como aplicadora ativa dela nos campos da justiça divina.
O termo “gira” é sinônimo de movimento, e lansã é geradora natural do fator mobilizador, é sua irradiadora e sua aplicadora na vida dos seres (almas).
Logo, Exu Tranca Gira das Almas não tem um ponto fixo ou um campo específico para atuar, pois onde houver alguém se “movendo” ou girando de forma errada, ali está seu campo de atuação, e ele será ativado por lansã. Orixá que regula os movimentos das almas ou dos “eguns”.
Vamos dar outro exemplo, usando o nome simbólico de um Caboclo Sete-Espadas:
Caboclo = ser que lida e ativa os aspectos positivos dos Orixás.
Sete = as sete linhas de Umbanda Sagrada, os sete Tronos de Deus, as sete vias evolutivas, os sete sentidos da vida, etc.
Espadas = lei, ordem, comando, combate, luta, poder, corte, etc.
Este caboclo atua como ordenador nos sete sentidos da vida, ou nos sete campos de ação de Ogum, o Orixá da lei e ordenador da religiosidade dos seres.
Mas todo Caboclo Sete-Espadas tem uma qualificação ou mais de uma, tal como Seiman Hamiser yê, que é um Ogum intermediador, cujo nome simbólico é este: Ogum Megê Sete-Espadas da Lei e da Vida.
— Como Ogum intermediador, ele atua nas sete irradiações ou sete linhas de Umbanda.
— Como é espada da lei, atua no sentido de coibir os excessos cortando demandas, aparando choques cármicos, ordenando os seres .
— Como Sete-Espadas da lei e da “vida”, aí vida é sinônimo de geração, a sétima linha de Umbanda, regida por lemanjá e por Omolu, Orixás da geração, sendo ela a regente do polo magnético positivo, e ele regente do seu polo magnético negativo.
— Mas ele se define como “Megê”, logo, está atuando sob a irradiação do Orixá Omolu, cujo elemento é terra, é cemitério. E também pode paralisar toda geração desequilibrada ou criatividade desvirtuadora num dos sete sentidos da vida.
Interpretando corretamente o nome Ogum Megê Sete-Espadas da “Lei e da Vida”, temos:
Este Ogum intermediador é regido por Ogum, Orixá ordenador e aplicador da Lei Maior na vida dos seres; é um intermediador do Orixá Ogum intermediário da terra ou aplicador da lei nos campos do Orixá Omolu (Orixá telúrico que polariza com lemanjá. Orixá aquático); e a aplica na vida ou nos campos de lemanjá (mãe da vida), punindo, retendo ou reordenando os seres que se desequilibrarem no sétimo sentido da vida (a geração e a criatividade). Mas como o termo vida engloba muitos sentidos, então ele ordena os que se desequilibrarem na geração da lei, do conhecimento, da justiça, da fé, etc.
Viram como é amplo seu campo de ação e atuação, como aplicador do mistério “Ogum” na vida dos seres?
Vamos a mais um exemplo:
— Caboclo Sete flechas .
Sete = sete irradiações.
Flechas = símbolo do Oxóssi, direção, artefato bélico, etc.
Interpretando-o, temos:
Caboclo: ser que ativa os aspectos positivos dos Orixás.
Sete: atua sob a regência das sete irradiações.
Flecha: é um caboclo de Oxóssi, pois a flecha é um dos seus símbolos. Mas como flecha também tem o sentido de direção a ser seguida, então é um caboclo de Oxóssi que atua nos campos de lansã.
Orixá direcionador dos espíritos e aplicador da Lei Maior nos campos da justiça divina.
Interpretando-o, temos: todo Caboclo Sete flechas é um ser que atua nas sete linhas de Umbanda, sempre como direcionador (doutrinador) dos seres, estimulando-os a se conduzirem (lansã) em equilíbrio e procederem com justiça (Xangô).
Vamos à interpretação de um nome simbólico, muito polêmico, de uma linha de Pomba giras:
— Maria Molambo .
Maria = igual à virgem da concepção ou Maria, a mãe de Jesus, que é da concepção de algo divino. Logo, sincretiza-se com Oxum, Orixá da concepção da vida.
Molambo = popularmente é uma pessoa malvestida, com uma aparência deprimente ou miserável.
Portanto, Maria Molambo é uma Pomba-gira de Oxum (mãe da concepção divina), que atua sobre os espíritos degradados ou que perderam seus bens divinos (amor, fé, conhecimento, etc.), visando reagregá-los.
Ela atua sobre as “almas” empobrecidas em seus valores maiores, que são vistos como espíritos perdidos na escuridão, abandonados na vida.
Seu campo de atuação é vasto, mas “abandonados na vida” significa que estão no campo da morte, o campo santo ou cemitério.
Logo, é uma Pomba-gira de Oxum atuando na irradiação de Omolu, onde ela agrega ao seu mistério os espíritos que “conceberam” de forma errada ou afrontosa os princípios da vida, e assim perderam a noção dos seus valores maiores.
Observem bem os exemplos que demos, pois os nomes têm correspondências com os Orixás por causa, também, do sincretismo religioso da Umbanda, e devem nortear nosso raciocínio, caso queiramos interpretar corretamente os nomes das linhas de trabalhos da Umbanda, formadas por legiões de espíritos agregados a uma hierarquia, da qual são membros e são manifestadores do mistério da divindade que as rege.
Nós poderíamos tomar muitos nomes de linhas de trabalho cujos membros se manifestam durante os trabalhos de incorporação. Mas estes Já são suficientes para que tenham uma noção de que o acaso não existe e, dentro do Ritual de Umbanda Sagrada, tudo é ordenado e regido pelos senhores Orixás, as divindades de Deus que atuam em nossa vida porque são os geradores naturais e os irradiadores das suas qualidades ou fatores divinos.
A Umbanda ainda é uma religião nova e só agora, após um século de existência, está começando a ser codificada teologicamente, pois antes só tínhamos codificações mitológicas ou abstratas, fundamentadas no “eu acho que é assim”, ou no “eu ouvi dizer que é isso”.
A achologia é um recurso “especulativo”, pois só lida com o imponderável e só se sustenta na ausência dos reais fundamentos e dos verdadeiros conhecimentos científicos.
E ciência a Umbanda tem, só que é divina e interpretativa dos mistérios de Deus.
Portanto, não deixe de estudar o simbolismo da Umbanda, pois se interpretarem corretamente os nomes simbólicos de suas linhas de trabalhos espirituais, descobrirão a quais Orixás os guias estão servindo, de qual irradiação são oriundos, e sob qual ou quais estão atuando como guias de Umbanda Sagrada.
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