Exu, o polêmico Orixá nigeriano é, de fato, um mistério religioso e é uma divindade da mesma magnitude dos outros Orixás cultuados por candomblecistas e umbandistas.
Sim, Exu, tal como o conhecimento na Umbanda, pouco nos revela e muito nos confunde, pois se conversamos com um deles manifestado em seu médium, ele nos revela que já viveu no plano material e até nos cita datas de quando passou pela carne; nos informa sobre algumas das causas de sua condução à esquerda e do seu esforço para retomar à “tona” através do trabalho espiritual com seu médium.
Muitos Exus incorporados em seus médiuns confirmaram que já haviam encarnado uma ou várias vezes e que, através do trabalho mediúnico, estavam resgatando seus carmas.
Espíritos que se manifestam através dos arquétipos fluídicos de “boiadeiros”, de “baianos”, de “marinheiros”, etc., e muitos deles revelaram que já haviam sido “Exus”, mas que haviam resgatado seus carmas, ou parte dele, e que haviam conquista do um novo grau, através do qual (os citados) agora se manifestavam incorporando em seus médiuns.
As lendas e mitos sobre Exu o descreviam como um Orixá muito respeitado, temido e cultuado pelos nigerianos antigos.
Muitas lendas são em tomo dos ancestrais fundadores dos reinos (povos ou nações que formaram a exuberante cultura yombana) nigerianos.
Na Gênese de Umbanda os espíritos mensageiros nos revelaram o Mistério dos Fatores de Deus e tudo assumiu uma lógica, através da qual as lendas e os mitos assumiram a condição de revelações divinas ocultadas atrás de descrições alegóricas (e humanas) dos mistérios de Deus (as suas divindades).
Cada Orixá é descrito como uma divindade unigênita (a única gerada por Deus) que é capaz de gerar de si e criar suas hereditariedades divinas que formam hierarquias que se espalham por todo o universo invisível, do qual regem a evolução dos seres e dão sustentação divina a toda a criação de Deus, seja ela animada (viva) ou inanimada (o mundo concreto formado pela matéria).
Com isso esclarecido, é facil entender o porquê dos Orixás terem suas folhas, suas ervas, seus frutos, suas sementes, seus otás (pedras), seus animais, seus pontos de forças ou seus santuários naturais, etc.
Mas também assumiram uma lógica magnífica e indestrutível as interpretações que descrevem lemanjá como a mãe da vida e dos Orixás que ela gerou quando de sua “fúga”; que descrevem Ogum como o senhor das demandas e dos caminhos; que descrevem Oxum como senhora do amor e da concepção; que descrevem Xangô como o senhor da justiça; e que descrevem Oxalá e Oduduá como os concretizadores (os criadores) da Terra (o ayê).
As lendas nos revelam uma sabedoria incomum e admirável, pois nos dizem que os Orixás são os “deuses construtores” do universo e ao mesmo tempo nos dizem que estiveram na terra, povoando-a com seus filhos(as) e que, de certa forma, estão entre eles, pois seus oris (suas cabeças) lhes pertencem, nos revelando que somos seus herdeiros naturais “espiritualizados”.
Todos nós sabemos que temos nossos Orixás de “cabeça”, que são nossos pais e mães divinos, e que nosso tipo físico, nossa natureza e nosso modo de ser obedecem a estas ancestral idades reveladas através do jogo de Ifá ou de outros jogos divinatórios. Mas nos faltava a palavra final e esclarecedora sobre o “porquê” de sermos assim.
E os “Fatores de Deus” nos esclareceram todas as dúvidas e nos forneceram as bases para todo um conhecimento acerca dos Mistérios de Deus (suas divindades).
Nesta nova teologia, diferente da nigeriana, mas não antagônica a ela, tudo foi assumindo uma lógica tão sólida quanto a Terra, tão concreta quanto tudo o que os nossos olhos podem ver e tão bela quanto o mais belo dos diamantes.
Os Fatores de Deus não contradizem as lendas e os mitos sobre os Orixás, mas, sim, corroboram e explicam de uma forma lógica, científica mesmo, os mistérios das divindades, forma esta que nos coloca teologicamente em pé de igualdade com as mais elaboradas e mais “racionais” teologias judaica, cristã e islâmica.
A base sólida para explicar de forma lógica e racional o Mistério Exu.
— O fato é este: Deus gera em si e gera de si.
— Ao gerar em si, ele gera as suas divindades e estas são seus mistérios, aos quais podemos descrever e como seus filhos unigênitos ou únicos gerados. Ou não é verdade que Ogum puro só há um? Assim como só há uma lemanjá, só uma Oxum, só um Oxalá, só um Xangô, etc.
— Deus gera em si seus fílhos(as) unigênitos(as) (os únicos gerados) e que são seus mistérios divinos, só possíveis de ser descritos por nós de forma “humana”, pois são mistérios transcendentes, mas que assumem para nós feições bem humanas.
— Estes mistérios de Deus geram de si seus filhos e filhas divinos e surgem os Orixás mistos ou com duplas qualidades, que nós descrevemos não mais como Ogum, lemanjá, lansà. Xangô,
Oxum, etc., mas sim como Ogum Naruê (Ogum do Ferro);
lemanjá Ogumté (lemanjá da Lei); lansã Balé (lansà do Cemitério); Xangô Ayrá, Oxum Ipondá, etc.
Esses Orixás “mistos” não são geradores de fatores puros, e, sim, surgem da fusão dos fatores originais gerados pelos Orixás puros ou ancestrais.
Com isso explicado, entendemos quando alguém nos diz: sou filho de Ogum e o meu Ogum é o senhor Ogum Beira-mar, ou Megê, ou Naruê, etc.
E também entendemos que, quando alguém nos diz que seu caboclo é de Ogum, na verdade este alguém está nos dizendo que seu caboclo trabalha na irradiação de Ogum, pois é este Orixá que está doando a este caboclo a sua qualidade ordenadora e dotando-o com o poder de atuar como espírito aplicador da lei dentro dos terreiros de Umbanda.
Só que este caboclo não é Ogum puro e não é um Ogum misto, mas, sim, um caboclo de Ogum, ou seja: ele é um espírito que manifesta de si um dos mistérios mistos do Orixá Ogum.
Até aqui temos:
— Um Deus que gera em si seus mistérios ou suas qualidades ou seus aspectos divinos que o tomam no que ele é: o mistério gerador de mistérios.
— Os mistérios de Deus, que são as suas divindades, cada uma associada a uma qualidade pura de Deus, às quais podemos descrever de duas formas:
1- Como as qualidades fé, amor, justiça, lei, geração, concepção, potência, etc.
2- Como fatores, tais como:
• congregador
• criativo
• ordenador
• direcionador
• equilibrador
• expansor
• gerador
• agregador, etc.
A lista de fatores ou de qualidades puras e originais ou mistas é imensa, revelando-nos a existência de mui tas divindades ou Orixás, uns puros ou ancestrais e outros mistos ou secundários.
Eis que agora, sim, temos uma base para comentar de forma lógica e de fácil entendimento o Mistério Exu, pois Deus gera muitos fatores e um deles é conhecido como fator vitalizador.
Este fator vitalizador é puro e original e está em tudo o que Deus criou, pois, por ser uma qualidade original D’Ele, está em tudo, e todos, que foi criado por ele.
Logo, a vitalidade é uma qualidade de Deus e é um dos seus mistérios, no qual Deus também gerou uma de suas divindades.
— Essa divindade gerada por Deus na sua qualidade vitalizadora é uma geradora natural do fator vitalizador, que está espalhado por toda a criação divina, vitalizando-a.
— Esta divindade de Deus tem um nome, que é: Exu!
— Logo, Exu é uma divindade de Deus e é um dos seus filhos unigênitos, ou único gerado dotado com o poder de gerar o fator vitalizador.
— Portanto, Exu Puro só existe um e seu poder vitalizador se estende por todo o universo e influencia até os outros Orixás, pois sem “vitalidade” nada flui, avança, prospera ou se multiplica.
Com isso explicado, então as lendas de Exu estão corretas, pois nelas ele é descrito como “irmão” de Ogum, de Oxóssi, etc., mas um irmão temido ou rejeitado, evitado mesmo!
Nós entendemos essas reservas em relação a Exu como um receio quanto ao seu fator vitalizador e a um dualismo só encontrado neste Orixá: a capacidade de vitalizar e de desvitalizar, qualidade esta que não é encontrada nos outros Orixás.
Sim. Ogum gera a ordem e é em si a potência divina. Xangô gera o equilíbrio e é em si a razão divina.
Oxóssi gera o conhecimento e é em si a onisciência divina.
Oxalá gera a fraternidade e é em si a congregação divina.
Oxum gera o amor e é em si a concepção divina,
lemanjá gera a criatividade e é em si a geração divina.
Mas só têm um aspecto, o que não acontece com Exu, pois se ele gera a vitalidade e é em si a fertilidade divina, no entanto, o seu duplo aspecto natural o toma temido porque pode desvitalizar e tornar estéril qualquer coisa ou ser que sofrer sua ação desvitalizadora.
Tanto é verdade que Exu é o gerador da vitalidade e, na África, ele é associado à fertilidade masculina e sua “ferramenta” é um pênis, demonstrando mais uma de suas funções ou atribuições divinas: auxiliar na multiplicação das espécies.
Até aqui, só corroboramos as lendas de Exu. Mas, assim como os outros Orixás, ele também gera sua hierarquia divina formada por
Exus mistos, tais como:
— Exu do Fogo, associado a Xangô
— Exu da Terra, associado a Omolu
— Exu da Água, associado a lemanjá
— Exu dos Minerais, associado a Oxum, etc.
Exu é unigênito e influencia toda a criação divina, pois é em si a própria vitalidade que a imanta, dotando-a da capacidade de autos sustentar- se .
Como divindade, Exu gera sua hierarquia divina formada por Exus vitalizadores dos sentidos. E ai surgem, entre muitos, estes Exus mistos:
1- Exu misto — Exu vitalizador ou desvitalizador da fé ou de Oxalá .
2- Exu misto — Exu vitalizador ou desvitalizador da concepção ou de Oxum.
3- Exu misto — Exu vitalizador ou desvitalizador do raciocínio ou de Oxóssi.
4- Exu misto — Exu vitalizador ou desvitalizador da justiça ou de Xangô.
5- Exu misto — Exu vitalizador ou desvitalizador da Lei ou de Ogum.
6- Exu misto — Exu vitalizador ou desvitalizador da evolução ou de Obaluaiê.
7- Exu misto — Exu vitalizador ou desvitalizador da geração ou de lemanjá.
Mas todos os Orixás têm Exus vitalizadores ou desvitalizadores dos seus mistérios, pois Exu é dual e tanto pode dar (vitalizar) como pode tirar (desvitalizar). É este seu duplo aspecto que o toma temido e evitado pelos outros Orixás, segundo as suas lendas, certo?
Até aqui, já temos:
— Deus gera em si suas divindades, e uma delas nós conhecemos como Exu.
— Exu, original, gera a vitalidade pura e gera suas hierarquias mistas, que podem vitalizar ou desvitalizar, pois também são duais.
— Estes Exus são doadores das suas qualidades mistas duais vitalizadoras-desvitalizadoras e surgem os seres naturais Exus que não encarnam, pois evoluem segundo meios próprios reservados a eles por Deus.
— Exu é uma divindade e, como tal, também atua religiosamente na vida dos espíritos e atrai tantos quantos se afinizarem com seu dualismo natural, fazendo surgir linhagens de seres naturais ou de espíritos que já encarnaram, que têm esta faculdade dual em outros fatores.
— Esses seres naturais, não encarnantes, e os espíritos (encarnantes), por serem duais, afinizam-se com a divindade pura Exu, assentam-se nas hierarquias dos Exus mistos e tomam-se manifestadores das qualidades vitalizadoras-desvitalizadoras deles.
— Esses seres naturais e espíritos têm como seus regentes ancestrais os outros Orixás, mas, como desenvolveram o dualismo, então surgem as linhagens de Exus de Ogum, de Oxóssi, de Xangô, de Omolu, etc., todos manifestadores das qualidades duais da divindade Exu .
Como exemplo do que estamos afirmando, citamos um caso conhecido por nós, que é o de um Exu da meia-noite (Exu de Omolu):
1- Ele encarnou várias vezes e tem sua história humana, portanto é um espírito ou um “Egum” segundo os conceitos yombanos.
2- Desenvolveu na carne e em seu mental o dualismo de Exu.
3- Passou por um processo de imantação pelo mistério Exu, isto é, exunizou.
4- Tomou-se um manifestador natural de uma das qualidades mistas de Exu e hoje é um Exu que trabalha na irradiação do Orixá Omolu e é regido por um dos sete Omolus mistos.
5- Este Omolu misto tem nos Exus da meia-noite (e que são muitos) os seus auxiliares à sua esquerda.
6- Estes Exus da meia-noite vão atraindo mais espíritos que desenvolveram o dualismo e os vão imantando no mistério Exu Misto que os rege e vão formando suas próprias falanges.
7- Os seres naturais Exu sempre serão o que são: Exus naturais. Já os espíritos que passaram pela imantação do mistério misto que os rege, se exunizaram e tomaram-se espíritos naturalizados Exus .
8- Esta condição ou grau não é definitiva, mas, sim, é um recurso para que estes espíritos retomem suas evoluções sob a irradiação do Mistério Exu, mas que, quando resgatam seus carmas ou os abrandam, têm a oportunidade de conquistar outros graus religiosos duais, tais como os graus “baiano”, “boiadeiro”, “marinheiro”, etc. (por etc. entendam graus duais que ainda surgirão dentro da Umbanda).
Concluindo esta minha palestra, encerro-a com esta afirmação: “Exu, na religião de Umbanda, é um mistério regido pela divindade Exu e é um grau ou uma condição transitória, pois faculta aos espíritos evolutivamente paralisados que retomem suas evoluções sob o manto protetor desse mistério dual do nosso divino Criador, do qual pouco sabemos, mas que tem muita influência em nossa vida, pois vitaliza-a quando estamos agindo corretamente e desvitaliza-a quando estamos agindo erroneamente. Axé, Exu”.
#amarracaofunciona
#amarracaogratis
#maetamarahonesta
#depoimentosamarracao2022
#UMBANDA
#aprendizado
#informação
#religião
#orixás
#SimpatiaAmor
#AmarraçãoAmorosaGrátis